top of page

Medicinal

  • Foto do escritor: S&T
    S&T
  • 19 de abr.
  • 6 min de leitura
Croton urucurana

Sangra d'água

O Croton urucurana também é conhecido como sangra d'água, por conta de seu látex ser vermelho como sangue, e dele ser normalmente encontrado em terrenos úmidos e brejos. O látex avermelhado de seu tronco tem propriedades medicinais cicatrizantes e antifúngicas, capaz de estancar o sangue de feridas. No Pará, Brasil, o povo Xipaya retém o conhecimento das propriedades medicinais dessa planta de forma unânime, especialmente entre as mulheres. Ao considerar o crescimento constante do setor farmacêutico, poucas comunidades conseguem preservar esse conhecimento, repassado “oralmente, de geração a geração”, como tem sido feito na Terra Indígena Xipaya de Tukamã-PA. Essa semente foi doada aos membros do Assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, São Paulo.


Enterolobium contortisiliquum

Tamboril da mata

Essa espécie de tamboril é do cerrado brasileiro e foi adquirida de um coletivo responsável pela coleta e venda de sementes nativas desse bioma para fins de preservação. Uma proteína presente nessa semente tem a capacidade de inibir o crescimento de tumores, o que oferece grande potencial na pesquisa sobre o comportamento de células cancerígenas e possíveis curas. Seus frutos têm o formato de orelha, o que dá origem a um de seus nomes, orelha-de-macaco.


Moringa oleifera

Moringa

A Moringa é uma espécie de árvore incrivelmente relevante para seres humanos e o meio ambiente por conta de suas propriedades medicinais e do fato dela ser capaz de purificar reservatórios de água subterrâneos. Através de suas características coagulantes naturais, ela promove a filtragem da água ao remover agentes contaminantes. Sua origem é da Índia, do sul do himalaia, mas hoje essa árvore é presente nas Américas, na África e na Ásia. Portanto, diversas culturas usufruem dessa planta altamente nutritiva em sua culinária, especialmente na África e na Índia, como óleo e curry. Para além da culinária, essa planta trata a deficiência de vitamina A, é antioxidante, antiviral, cardioprotetora, protetora hepática, entre diversas outras propriedades medicinais. Conhecida como ‘kelor’ na Indonésia, ela é usada localmente de forma espiritual, para espantar ou remover agentes místicos do corpo por meio de banhos e ramos nas entradas das casas. Essa semente de moringa foi doada por um agricultor do Assentamento Mário Lago em Ribeirão Preto.


Hymenaea courbaril

Jatobá (com polpa)

Nessa semente de Jatobá, ainda há resquícios de sua polpa. Nem todos acham o odor da polpa desagradável, mas muitos afirmam que o sabor é melhor do que o cheiro. Para as populações quilombolas do cerrado brasileiro, o Jatobá tem um significado cultural a ser preservado, principalmente em comunidades dos arredores da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Para além do alimento, essa planta é usada de diversas formas, mas principalmente como medicina, como cura para a gripe e a anemia. Quilombos eram comunidades formadas por pessoas africanas escravizadas que escaparam. Eles eram altamente organizados, militantes, autônomos e representavam uma grande ameaça para as autoridades portuguesas e holandesas da época. Hoje, há mais de um milhão de quilombolas que ainda lutam pelo direito a território em todo o país. Essa semente foi coletada em plena cidade de São Paulo, de uma árvore centenária belíssima que fica na Praça Pôr do Sol no bairro de Pinheiros.


Jatobá

Essa semente foi coletada em plena cidade de São Paulo, de uma árvore centenária belíssima que fica na Praça Pôr do Sol no bairro de Pinheiros. Do fruto dessa árvore, populações tradicionais do Xingu fazem uma farinha altamente nutritiva e proteica. A resina da casca pode ser usada como verniz, combustível e incenso, e sua madeira é cobiçada na produção de móveis e canoas. Nem todos acham o odor da polpa desagradável, mas muitos afirmam que o sabor é melhor do que o cheiro.


Tamarindus indica

Tamarindo

O Tamarindo é nativo da África tropical, e ao ser trazido para o Brasil, ele se adaptou particularmente bem no Nordeste e foi absorvido pela culinária local em diversos molhos e doces. O nome tamarindo vem da língua persa e quer dizer "tâmara da Índia". No subcontinente indiano, o tamarindo é usado medicinal e espiritualmente. Existe uma árvore de tamarindo famosa em Gwalior, na Índia, no túmulo de um cantor renomado da época do imperador Akbar, chamado Tansen. Diz-se que as folhas da árvore são pequenas porque cantores clássicos comiam as folhas para que suas vozes ficassem doces como a de Tansen.


Cymbopogon densiflorus

Capim-nagô

A Cymbopogon densiflorus é originaria da África, e possui laços fortes com a cultura e religião da diáspora africana no Brasil. O nome Nagô era dado a pessoas negras escravizadas de origem Iorubá. Durante o tráfico de populações, diversas espécies de vegetais foram trazidas, entre elas o Dendezeiro (Elaeis guineensis), variedades de feijões como o Mangalô, o quiabo (Abelmoschus esculentus), e o capim-nagô, que é normalmente utilizado para rituais de proteção, e como uma medicina para indução do sono e cura de fraturas ósseas. Essa planta também possui propriedades anticancerígenas e repelentes de insetos, o que a torna incrivelmente útil para amplas finalidades.


Ricinus communis

Mamona vermelha

A mamona vermelha é cada vez mais empregada em projetos de agrofloresta graças ao seu crescimento rápido, permitindo o desenvolvimento de espécies mais sensíveis sob sua proteção. Ela é uma variedade que tolera solos degradados, criando condições desejáveis para o desenvolvimento de outras espécies. De sua raiz, um componente com propriedades anti-inflamatórias pode ser extraído e, há milênios, essa planta tem sido usada medicinalmente por povos no Norte da África, Índia e Asia. Sementes da mamona foram achadas em túmulos egípcios de 4 mil anos atrás, e a Cleopatra usava o óleo de mamona como um produto de beleza.


Luehea divaricata

Açoita-cavalo

A Luehea divaricata é uma árvore nativa da América do Sul, típica do cerrado e da caatinga brasileira. Seu nome popular "açoita-cavalo” vem do fato de que seus galhos são tão flexíveis que podem ser usados como chicote. Na medicina popular, essa planta tem sido administrada por suas propriedades antifúngicas, anti-inflamatórias, analgésicas e imuno-estimulantes. Em estudos científicos mais recentes, essas propriedades foram confirmadas, além de ter sido revelado que, das folhas, pode ser extraído um novo ácido tormêntico. Esse ácido pertence a uma classe de compostos químicos que possuem habilidades medicinais fantásticas para seres humanos, incluindo o potencial de combate ao câncer. Isolar esses componentes químicos das plantas é do interesse da indústria farmacêutica, mas crédito deve ser dado a quem merece. Esse componente executa um papel fundamental na defesa dessa planta contra pestes – é uma tecnologia biótica. Foram os povos originários que desenvolveram essa tecnologia em benefício dos seres humanos, um conhecimento particularmente presente na epistemologia de diversas etnias do Paraná e de Santa Catarina, Brasil.


Cannabis sp.

Maconha

Em 2023, esta semente é considerada ilegal na maioria dos países, e as partes secas dessa planta são a droga ilegal mais consumida no mundo. Mas a recreação extrajudicial não é sua única utilidade. Os caules da planta do cânhamo consistem em fibras notavelmente duráveis, que têm uma ampla variedade de usos industriais, desde tecidos até materiais de construção. Ela também é uma das plantas que crescem mais rápido na Terra. Civilizações antigas ao longo dos milênios e em todo o planeta são conhecidas por cultivar e consumir essa planta espiritualmente. Uma das primeiras documentações dela decorre de quase 3 mil anos atrás em registros medicinais chineses, lendas hindus, bem como literatura budista, germânica e sufi.


Achyrocline satureioides

Macela

O processo de fotografar esta semente foi um dos mais complexos, devido às suas múltiplas camadas. Essa planta cresce em “solos arenosos ou pedregosos”, é nativa da América do Sul e é a planta medicinal oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Suas propriedades medicinais são descritas como “purificantes”, não só por possuírem propriedades antivirais e antibacterianas, mas também por terem a capacidade de tratar a neurodegeneração.


Stryphnodendron adstringens

Barbatimão

Essa espécie é endêmica do Brasil, especificamente do cerrado brasileiro. A casca e as folhas dessa árvore podem ser processadas de diversas formas e usadas como remédio para diversas questões de saúde. O chá da casca pode ser consumido para tratar lesões de tecidos, aliviando infecções e inflamações. O sabonete contendo o extrato da casca proporciona uma ação anti-bacteriana notável. O pó da casca pode ser usado para fazer um chá com propriedades antidiuréticas. A pomada dela é cicatrizante. E assim por diante. Espécies florestais como o barbatimão são importantes para garantir tratamentos médicos em regiões onde a saúde pública estatal não atua de forma eficaz.


Poincianella pluviosa

Sibipiruna, Caesalpinia pluviosa

A Sibipiruna é uma árvore nativa do trópico das Américas com flores amarelas exuberantes, amadas por borboletas, beija-flores e abelhas. Em contextos urbanos, essa árvore é imensamente útil para a proteção e sobrevivência das abelhas. Flores vermelhas da subfamília Caesalpinioideae, a Flor-De-Pavão, foram descritas por uma ilustradora botânica alemã no começo do século XVIII como medicinais para o povo escravizado pelos holandeses no Suriname. Mulheres indígenas e africanas no Suriname usavam essa flor como abortiva, pois não queriam que seus filhos e filhas nascessem no paradigma de exploração colonial.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


©2024, Seeds and Tales.

Todos os direitos reservados.

bottom of page