Megafauna
- S&T
- 19 de abr.
- 2 min de leitura
Hymenaea stigonocarpa
Jatobá do cerrado
Jatobá, na língua Tupi, significa "árvore com frutos duros". O jatobá do cerrado é encontrado no cerrado e cerradão, que se distinguem pela qualidade de dureza das folhas no bioma do último, uma característica denominada esclerófila. Plantas esclerófilas são altamente resistentes à falta de água e nutrientes na terra. A dureza dos frutos dessa planta é um resquício da megafauna brasileira do período Pleistoceno, entre 50 e 10 mil anos atrás. Nesse período, plantas contavam com o consumo de seus frutos por mamíferos gigantes, para dispersarem suas sementes. Esses mega herbívoros, desde então, foram extintos, o que afetou “muitos tipos de processos ecológicos, como por exemplo, a dispersão de sementes”. Hoje, plantas que se encontram “órfãs de seus mega-dispersores”, são descritas como tendo uma síndrome de megafauna (citações de Jacqueline Salvi de Mattos, em “Biogeografia de Frutos de Megafauna”.
Persea americana
Abacate
O cultivo de abacate é tão antigo quanto a invenção da roda. Cinco mil anos atrás, na Mesoamérica, onde, hoje, é considerado o sul do México, a domesticação do abacate foi iniciada. Antes disso, essa fruta dependia de mega mamíferos, hoje extintos, para consumir e dispersar essa grande e levemente toxica semente. Diz-se que, “em teoria, a semente estaria pronta para brotar no momento em que fosse” expelida. Terreiros de Candomblé e Umbanda, religiões da diáspora africana, utilizam as folhas de abacateiro em banhos de limpeza e rituais para divindades. Há também um senso comum em áreas rurais brasileiras de que o abacate não gosta de ser plantado sozinho, sem outros abacateiros por perto. Sozinho, ele fica triste, e não produz muitos abacates. Na realidade, o abacateiro produz flores masculinas e femininas que desabrocham em períodos diferentes do dia e dependem diretamente da ação de polinizadores para frutificar. Portanto, quando as flores femininas estão abertas, possivelmente não haverá flores masculinas para a polinização ocorrer. Dessa forma, é necessário ao menos dois pés de abacate para garantir uma colheita abundante.
Dipteryx alata
Baru
O Baru (Dipteryx alata) é nativo do bioma do cerrado e produz uma castanha que é considerada um super alimento. O fruto do baruzeiro é grande e possui uma casca muito dura, o que resulta na limitação de seu consumo por mamíferos pequenos. Por isso, essa fruta é associada à alimentação da megafauna que habitava o Brasil. A extinção desses mamíferos gigantes comprometeu o desenvolvimento de espécies vegetais como essa, e atualmente, o baruzeiro é visto como em estado vulnerável pela IUCN Red List. Como um produto vendido por associações extrativistas artesanais na região do cerrado, a castanha de Baru tem sido preservada através do cultivo e consumo humano.
Comentarios