Euterpe edulis
Jussara
Jussara é uma palmeira nativa da mata atlântica e sob risco de extinção. A polpa do fruto da Jussara é semelhante ao açaí, e é de seu tronco que se retira o palmito. Ela é altamente nutritiva e apreciada, seu cultivo é o responsável por garantir renda a agricultores agroecológicos, principalmente na região sudeste e sul do Brasil. Esta semente foi coletada em um sítio na região serrana do Rio de Janeiro.
Jussara sem polpa
Essa semente está sem polpa, e é da palmeira Jussara. A Jussara é uma espécie endêmica da Mata Atlântica sob risco de extinção por conta da extração do seu palmito. O cultivo da palmeira para extração da polpa dos frutos vem sendo estimulado como alternativa agroecológica para aumentar a preservação da espécie. Essa semente foi coletada em um sítio na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.
Jussara germinada
Essa semente da palmeira Jussara está em processo de germinação. A germinação da palmeira Jussara ocorre graças a umidade presente no ambiente florestal, ao sombreamento providenciado pela cobertura da floresta tropical alta, e ao acúmulo de matéria orgânica no solo. Após aproximadamente 10 anos, a palmeira rompe essa cobertura ao buscar o sol direto e iniciar sua produção de frutos. O nome “Euterpe”, do termo científico dessa planta, se refere a uma deusa grega, uma das filhas de Zeus, “a doadora de prazeres” que preside sobre o mundo da música.
Croton urucurana
Sangra d'água
O Croton urucurana também é conhecido como sangra d'água, por conta de seu látex ser vermelho como sangue, e dele ser normalmente encontrado em terrenos úmidos e brejos. O látex avermelhado de seu tronco tem propriedades medicinais cicatrizantes e antifúngicas, capaz de estancar o sangue de feridas. No Pará, Brasil, o povo Xipaya retém o conhecimento das propriedades medicinais dessa planta de forma unânime, especialmente entre as mulheres. Ao considerar o crescimento constante do setor farmacêutico, poucas comunidades conseguem preservar esse conhecimento, repassado “oralmente, de geração a geração”, como tem sido feito na Terra Indígena Xipaya de Tukamã-PA. Essa semente foi doada aos membros do Assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, São Paulo.
Enterolobium contortisiliquum
Tamboril da mata
Essa espécie de tamboril é do cerrado brasileiro e foi adquirida de um coletivo responsável pela coleta e venda de sementes nativas desse bioma para fins de preservação. Uma proteína presente nessa semente tem a capacidade de inibir o crescimento de tumores, o que oferece grande potencial na pesquisa sobre o comportamento de células cancerígenas e possíveis curas. Seus frutos têm o formato de orelha, o que dá origem a um de seus nomes, orelha-de-macaco.
Moringa oleifera
Moringa
A Moringa é uma espécie de árvore incrivelmente relevante para seres humanos e o meio ambiente por conta de suas propriedades medicinais e do fato dela ser capaz de purificar reservatórios de água subterrâneos. Através de suas características coagulantes naturais, ela promove a filtragem da água ao remover agentes contaminantes. Sua origem é da Índia, do sul do himalaia, mas hoje essa árvore é presente nas Américas, na África e na Ásia. Portanto, diversas culturas usufruem dessa planta altamente nutritiva em sua culinária, especialmente na África e na Índia, como óleo e curry. Para além da culinária, essa planta trata a deficiência de vitamina A, é antioxidante, antiviral, cardioprotetora, protetora hepática, entre diversas outras propriedades medicinais. Conhecida como ‘kelor’ na Indonésia, ela é usada localmente de forma espiritual, para espantar ou remover agentes místicos do corpo por meio de banhos e ramos nas entradas das casas. Essa semente de moringa foi doada por um agricultor do Assentamento Mário Lago em Ribeirão Preto.
Hymenaea courbaril
Jatobá (com polpa)
Nessa semente de Jatobá, ainda há resquícios de sua polpa. Nem todos acham o odor da polpa desagradável, mas muitos afirmam que o sabor é melhor do que o cheiro. Para as populações quilombolas do cerrado brasileiro, o Jatobá tem um significado cultural a ser preservado, principalmente em comunidades dos arredores da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Para além do alimento, essa planta é usada de diversas formas, mas principalmente como medicina, como cura para a gripe e a anemia. Quilombos eram comunidades formadas por pessoas africanas escravizadas que escaparam. Eles eram altamente organizados, militantes, autônomos e representavam uma grande ameaça para as autoridades portuguesas e holandesas da época. Hoje, há mais de um milhão de quilombolas que ainda lutam pelo direito a território em todo o país. Essa semente foi coletada em plena cidade de São Paulo, de uma árvore centenária belíssima que fica na Praça Pôr do Sol no bairro de Pinheiros.
Jatobá
Essa semente foi coletada em plena cidade de São Paulo, de uma árvore centenária belíssima que fica na Praça Pôr do Sol no bairro de Pinheiros. Do fruto dessa árvore, populações tradicionais do Xingu fazem uma farinha altamente nutritiva e proteica. A resina da casca pode ser usada como verniz, combustível e incenso, e sua madeira é cobiçada na produção de móveis e canoas. Nem todos acham o odor da polpa desagradável, mas muitos afirmam que o sabor é melhor do que o cheiro.
Tamarindus indica
Tamarindo
O Tamarindo é nativo da África tropical, e ao ser trazido para o Brasil, ele se adaptou particularmente bem no Nordeste e foi absorvido pela culinária local em diversos molhos e doces. O nome tamarindo vem da língua persa e quer dizer "tâmara da Índia". No subcontinente indiano, o tamarindo é usado medicinal e espiritualmente. Existe uma árvore de tamarindo famosa em Gwalior, na Índia, no túmulo de um cantor renomado da época do imperador Akbar, chamado Tansen. Diz-se que as folhas da árvore são pequenas porque cantores clássicos comiam as folhas para que suas vozes ficassem doces como a de Tansen.
Cymbopogon densiflorus
Capim-nagô
A Cymbopogon densiflorus é originaria da África, e possui laços fortes com a cultura e religião da diáspora africana no Brasil. O nome Nagô era dado a pessoas negras escravizadas de origem Iorubá. Durante o tráfico de populações, diversas espécies de vegetais foram trazidas, entre elas o Dendezeiro (Elaeis guineensis), variedades de feijões como o Mangalô, o quiabo (Abelmoschus esculentus), e o capim-nagô, que é normalmente utilizado para rituais de proteção, e como uma medicina para indução do sono e cura de fraturas ósseas. Essa planta também possui propriedades anticancerígenas e repelentes de insetos, o que a torna incrivelmente útil para amplas finalidades.
Ricinus communis
Mamona vermelha
A mamona vermelha é cada vez mais empregada em projetos de agrofloresta graças ao seu crescimento rápido, permitindo o desenvolvimento de espécies mais sensíveis sob sua proteção. Ela é uma variedade que tolera solos degradados, criando condições desejáveis para o desenvolvimento de outras espécies. De sua raiz, um componente com propriedades anti-inflamatórias pode ser extraído e, há milênios, essa planta tem sido usada medicinalmente por povos no Norte da África, Índia e Asia. Sementes da mamona foram achadas em túmulos egípcios de 4 mil anos atrás, e a Cleopatra usava o óleo de mamona como um produto de beleza.
Luehea divaricata
Açoita-cavalo
A Luehea divaricata é uma árvore nativa da América do Sul, típica do cerrado e da caatinga brasileira. Seu nome popular "açoita-cavalo” vem do fato de que seus galhos são tão flexíveis que podem ser usados como chicote. Na medicina popular, essa planta tem sido administrada por suas propriedades antifúngicas, anti-inflamatórias, analgésicas e imuno-estimulantes. Em estudos científicos mais recentes, essas propriedades foram confirmadas, além de ter sido revelado que, das folhas, pode ser extraído um novo ácido tormêntico. Esse ácido pertence a uma classe de compostos químicos que possuem habilidades medicinais fantásticas para seres humanos, incluindo o potencial de combate ao câncer. Isolar esses componentes químicos das plantas é do interesse da indústria farmacêutica, mas crédito deve ser dado a quem merece. Esse componente executa um papel fundamental na defesa dessa planta contra pestes – é uma tecnologia biótica. Foram os povos originários que desenvolveram essa tecnologia em benefício dos seres humanos, um conhecimento particularmente presente na epistemologia de diversas etnias do Paraná e de Santa Catarina, Brasil.
Cannabis sp.
Maconha
Em 2023, esta semente é considerada ilegal na maioria dos países, e as partes secas dessa planta são a droga ilegal mais consumida no mundo. Mas a recreação extrajudicial não é sua única utilidade. Os caules da planta do cânhamo consistem em fibras notavelmente duráveis, que têm uma ampla variedade de usos industriais, desde tecidos até materiais de construção. Ela também é uma das plantas que crescem mais rápido na Terra. Civilizações antigas ao longo dos milênios e em todo o planeta são conhecidas por cultivar e consumir essa planta espiritualmente. Uma das primeiras documentações dela decorre de quase 3 mil anos atrás em registros medicinais chineses, lendas hindus, bem como literatura budista, germânica e sufi.
Achyrocline satureioides
Macela
O processo de fotografar esta semente foi um dos mais complexos, devido às suas múltiplas camadas. Essa planta cresce em “solos arenosos ou pedregosos”, é nativa da América do Sul e é a planta medicinal oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Suas propriedades medicinais são descritas como “purificantes”, não só por possuírem propriedades antivirais e antibacterianas, mas também por terem a capacidade de tratar a neurodegeneração.
Stryphnodendron adstringens
Barbatimão
Essa espécie é endêmica do Brasil, especificamente do cerrado brasileiro. A casca e as folhas dessa árvore podem ser processadas de diversas formas e usadas como remédio para diversas questões de saúde. O chá da casca pode ser consumido para tratar lesões de tecidos, aliviando infecções e inflamações. O sabonete contendo o extrato da casca proporciona uma ação anti-bacteriana notável. O pó da casca pode ser usado para fazer um chá com propriedades antidiuréticas. A pomada dela é cicatrizante. E assim por diante. Espécies florestais como o barbatimão são importantes para garantir tratamentos médicos em regiões onde a saúde pública estatal não atua de forma eficaz.
Poincianella pluviosa
Sibipiruna, Caesalpinia pluviosa
A Sibipiruna é uma árvore nativa do trópico das Américas com flores amarelas exuberantes, amadas por borboletas, beija-flores e abelhas. Em contextos urbanos, essa árvore é imensamente útil para a proteção e sobrevivência das abelhas. Flores vermelhas da subfamília Caesalpinioideae, a Flor-De-Pavão, foram descritas por uma ilustradora botânica alemã no começo do século XVIII como medicinais para o povo escravizado pelos holandeses no Suriname. Mulheres indígenas e africanas no Suriname usavam essa flor como abortiva, pois não queriam que seus filhos e filhas nascessem no paradigma de exploração colonial.
Tachigali aurea
Tatarena
A Tatarena é comum no sertão brasileiro. Houve um apagamento do termo sertão que foi “diretamente proporcional à consolidação do termo cerrado”. Essa consolidação do foco no bioma e na botânica, ao invés do foco nas características culturais, ancestrais e identitárias associadas ao bioma, aconteceu quando a demarcação do Planalto Central começou a ser planejada para o desenvolvimento do que se tornaria a capital dos ‘Estados Unidos do Brasil’. A construção dessa narrativa teve como objetivo situar a capital no Centro do país, e não no Sertão. Dessa forma, a conceituação geopolítica do poder simbólico de Brasília precisava marginalizar o termo 'sertão' e incorporar 'cerrado'. Uma árvore matriz da família Tachigali (sinônimo de Sclerolobium) e duas Tachigali aurea de tamanho médio podem ser encontradas no Parque Olhos D’Água em Brasília. O tronco branco-acinzentado da árvore matriz, com ramos largos e irregulares, garante características únicas. Devido à beleza desse tronco, ela foi amplamente explorada por sua madeira. Os frutos dessa árvore perene são alados, e dispersos pelo vento.
Calophyllum brasiliense
Guanandi
Essa semente é de uma espécie de árvore perene considerada uma das primeiras "madeiras de lei" pela coroa portuguesa, ao lado do pau brasil. Madeiras de Lei se tornaram símbolos no monopólio econômico de Portugal sobre matérias-primas do novo terreno conquistado pela coroa, que hoje chamamos de Brasil. Essas madeiras eram usadas na infra-estrutura desse empreendimento colonial, como na construção de ferrovias e navios. A madeira de lei do pau brasil (Paubrasilia echinata) era tão central nesse processo que se tornou o nome do país. Enquanto o Calophyllum brasiliense foi chamado de Guanandi, cujo significado em Tupi é “o que é grudento”, devido ao bálsamo de sua casca que opera como látex natural. O fuste perfeitamente reto do Guanandi também fornecia mastros excelentes para embarcações de colonizadores portugueses. Uma árvore matriz selvagem em Brasília-DF forneceu essa semente de Calophyllum brasiliense para o projeto Seeds and Tales.
Paepalanthus chiquitensis
Chuveirinho
A Paepalanthus chiquitensis é um tipo de gramínea endêmica dos cerrados brasileiros, que pode ser empregada na recomposição de áreas degradadas por queimadas. A família de Gramíneas também é conhecida como grama, e essa espécie de grama floresce de forma espetacular, e sempre-viva. Flores Sempre-vivas, após colhidas e secas, não perdem sua cor, e muitas dessas espécies estão ameaçadas de extinção por conta de sua exportação insustentável. Essa semente foi adquirida da iniciativa Cerrado de Pé, responsável pela coleta, proteção e dispersão de sementes nativas no bioma do cerrado brasileiro.
"Na verdade, Paepalanthus não é Poaceae (Graminae), mas sim da família Eriocaulaceae. Entretanto, devido ao seu hábito e porte, pode ser considerado "graminóide" ou da estrato graminoso." (@salve_cerrado, junho 19, 2024)
Ormosia arborea
Olho de cabra
Ormosia arborea é uma árvore perene com copa densa, larga e arredondada, que pode atingir até 20 metros de altura. Ela pode ser cultivada como espécie pioneira na restauração de matas e é uma árvore que proporciona sombra para plantas menores. As folhas de plantas perenes não caem de acordo com estações, por isso, em culturas nórdicas, europeias e cristãs, essas árvores simbolizam imortalidade por permanecerem verdes no inverno. A olho de cabra, por outro lado, é “exclusiva” do Brasil, e suas sementes são usadas como amuletos por religiões da diáspora africana. Essa semente bela pode variar entre tons de vermelho e laranja claramente delimitados por uma área preta. Ela foi adquirida de guardiões de sementes e doada ao assentamento Mário Lago em Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, para o projeto de reflorestamento e agrofloresta dos assentados do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil.
Schizolobium parahyba
Guapuruvu
O Guapuruvu é uma das árvores de mais rápido crescimento no mundo, atingindo 3 metros por ano e facilmente alcançando 20 metros de altura. Por isso, ela é considerada pioneira em projetos de reflorestamento. Essa árvore era utilizada na fabricação de canoas caiçaras, e hoje herdeiros dessa cultura fazem o que podem para preservar esse aspecto de sua ancestralidade. Nos litorais do Rio de Janeiro e São Paulo, caiçaras encorparam a miscigenação europeia e indígena típica do Brasil, que retêm uma tradição pesqueira única. O nome Guapuruvu na língua tupi significa "canoa que sai da terra".
Platycyamus regnellii
Pau Pereira
O Pau Pereira é uma espécie endêmica do sudeste brasileiro. Em época de florada, ela atrai diversos polinizadores, em especial as mamangavas (Bombus brasiliensis). Ela é fixadora de nitrogênio na terra e é capaz de prosperar em solos degradados e pedregosos, por isso pode ser considerada pioneira em projetos de reflorestamento. As cinzas da casca do Pau Pereira são um de dois ingredientes do fumo indígena chamado de rapé Tsunu, do povo Yawanawa. Há milênios, tabaco tem sido usado por povos originários das Américas central e do sul para fins espirituais e medicinais. Um frasco do período clássico maia, por exemplo, não só foi encontrado com resíduos de nicotina, mas também o rótulo em texto hieroglífico maia evidencia seu uso para esse fim. Essa prática foi naturalmente “integrada à cultura das tribos do noroeste da Amazônia” e além. Esse exemplar foi adquirido de guardiões de sementes de Minas Gerais.
Albizia pedicellaris
Juerana
As sementes de Albizia pedicellaris crescem em vagens e foi relatado que apenas 4% delas germinam sem intervenção humana. Essa dormência foi superada por meio de escarificação, imersão em água e até imersão em ácido. Tais processos valem a pena porque essa árvore é extremamente útil na restauração de áreas danificadas pela mineração, devido à sua capacidade de prosperar em solos encharcados ou firmes, fixar nitrogênio e crescer rapidamente – ela é uma espécie pioneira. Por esses motivos, essa planta é comumente encontrada em áreas costeiras do bioma da restinga. A restinga tem um papel ecológico crucial, pois estabiliza as dunas costeiras e, como tal, previne a erosão causada pelas marés.
Libidibia ferrea
Pau ferro
A Libidibia ferrea é uma árvore imponente, de grande porte, podendo chegar a 30 metros de altura. Seu tronco branco acinzentado é belo e usado para ornamentação. O nome pau ferro vem da a alta densidade da madeira e dificuldade em cortá-la. Além disso, o som emanado pelos machados durante o corte é semelhante ao som do martelo na bigorna. Sua semente é impermeável, o que causa dormência, ou atraso na germinação. Essa dormência pode auxiliar na distribuição natural da espécie em grandes áreas, mas pode também “dificultar a produção de mudas”. Já que a madeira da Pau ferro é útil para projetos de infraestrutura e carpintaria, a reprodução eficaz é essencial para garantir a longevidade dessa espécie. Contudo, ela também demonstrou outra utilidade, pois ao ser alimentada para animais ruminantes, como bois em “regiões semi-áridas”, ela pode auxiliar na redução do lançamento de metano na atmosfera.
Apuleia leiocarpa
Garapeira, Grápia
A Garapeira é nativa da América do Sul. Ela está ameaçada de extinção, mas ainda é comercializada como madeira. No Brasil, os conceitos em inglês ‘wood’ e ‘timber’ existem na mesma palavra: madeira. Não há distinção entre o material e como o material é utilizado por humanos — não especificamos sua utilidade na definição. A madeira é, no entanto, utilizada com frequência em todo o mundo. A semente dessa árvore é propícia à dormência, ou seja, por motivos internos ou externos, ela demora para germinar.
Anacardium occidentale
Castanha de caju
A castanha de caju não é tecnicamente uma noz. Ela é nativa da América do Sul, então a palavra 'cashew' vem da palavra brasileira 'caju', que vem da palavra indígena tupi 'acaju', que significa "noz que se produz". Tal descrição é cientificamente adequada considerando que uma noz é uma fruta cuja casca dura não se abre sozinha para liberar a semente do caroço, ela depende de predação ou decomposição. O caju, no entanto, é um verdadeiro fruto seco, que cresce do lado de fora de seu falso fruto suculento, cuja semente do caroço se desprende maravilhosamente sozinha da casca externa ao brotar.
Acrocomia aculeata
Macaúba
Esta semente da palmeira Macaúba foi adquirida de agricultores que vendiam seus produtos na estrada nos arredores de São Luís no estado do Maranhão. Ela é comum no Nordeste do Brasil, e seu fruto alimenta diversos animais da fauna brasileira. Da palha de suas folhas podem ser feitas redes de pesca, e de sua noz pode ser produzido um óleo nutritivo, rico em ácidos graxos de cadeia média. No México, uma bebida fermentada é tradicionalmente produzida a partir do tronco da palmeira, chamada vinho coyol.
Dicella bracteosa
Castanha de cipó
Esta semente, também chamada de Guaiaqui, ou em Tupi-Guarani, "amêndoa do fruto que irrita”, foi adquirida do maior colecionador de frutas raras do Brasil. A castanha de cipó é uma trepadeira que produz uma castanha que pode ser consumida depois da retirada dos pequenos pelos que envolvem sua casca. Seu sabor lembra o amendoim.
Cordia goeldiana
Freijó
O Freijó é da Amazônia e é uma espécie usada e comercializada por sua madeira. Espécies denominadas “madeireiras”, como a Cordia goeldiana, em teoria, são equipadas para sobreviver geneticamente à indústria criada em volta dela. No Pernambuco e na Paraíba, essa madeira é tradicionalmente associada a confecção de flecha. Seu registro é atribuído ao botânico Huber, em Belém na primeira década do século XX.
Attalea maripa
Inajá
A palha dessa planta é uma característica arquitetônica para o povo Kawaiwete, que a utiliza para fazer telhados. Ela é nativa e presente em toda a região amazônica e seu fruto tem grande potencial como biocombustível. Porém, a criação de pasto e monocultura ameaçam sua população.
Carica papaya
Mamão
O mamoeiro é uma das árvores mais comuns em pomares domésticos no Brasil, apresar de não ser tecnicamente uma árvore. Seu tronco não é de madeira. No mundo, apenas a Índia produz mais mamão do que o Brasil. Além do sabor e valor nutricional de sua fruta, suas sementes têm o potencial de tratar células cancerígenas, incluindo da próstata, mama, cólon e pulmão. Cientificamente conhecido como Carica papaya, acredita-se que o mamão tem origem na Bacia Amazônica Superior, onde ocorre a sua máxima diversidade genética. Durante o período colonial, era comum o intercâmbio de espécies entre as colônias. Dessa forma, o mamão foi enviado à África, ao Sudeste Asiático e à Polinésia, resultando em diversas variedades típicas dessas regiões.
Ceiba pentandra
Samaúma
Nas pequenas sementes da Samaúma reside a potência de um dos maiores seres vivos florestais. Podendo atingir 70 metros de altura, a copa dessa árvore emerge acima do dossel da floresta. A Samaúma é interpretada por culturas nativas amazônicas como um portal usado por divindades nas suas passagens pela floresta. Para a civilização Maia, a base dessa árvore era o submundo dos deuses. Ela é sagrada para a diversos povos da Amazônia, é chamada de "árvore da vida” ou mãe-das-árvores, fornece abrigo a diversos animais, agrega água limpa no solo de suas raízes profundas, e une o reino terreno ao reino dos deuses através de seu tronco imenso.
Schizolobium amazonicum
Pinho cuiabano, Paricá
Essa árvore tem um papel importante no reflorestamento da Amazônia e, como tal, na mitigação dos efeitos do desmatamento e das mudanças climáticas. A Floresta Amazônica vem passando por altos índices de antropização, ou seja, significativas transformações erosivas causadas por humanos. Acredita-se que os povos indígenas da antiguidade habitaram regiões remotas da Amazônia por mais de 13 mil anos, elaborando cuidadosamente o que agora erroneamente chamamos de ‘areas intocadas’. A Schizolobium amazonicum simboliza como os humanos são tão capazes de construir florestas quanto de destruí-las.
Schinus terebinthifolia
Aroeira Pimenteira Vermelha
A aroeira-vermelha é uma planta vulnerável em sua região nativa da Argentina, Paraguai e Brasil, mas ganhou destaque em regiões onde é considerada exótica, como os Estados Unidos. Suas folhas têm propriedades antimicrobianas e sua semente de pimenta-rosa é um deleite culinário doce e frutado. Essa árvore tem sido um recurso valioso para as comunidades de indígenas Guarani, sendo tradicionalmente utilizada no tratamento de dores reumáticas e luxações por meio de compressas de folhas.
Peltophorum dubium
Canafístula, Yvyrá Pytã
Yvyrá Pytã, em Guaraní, significa ‘madeira vermelha’. No Paraguai, ela foi considerada um “símbolo da resiliência da floresta”, ao ganhar a competição “Colosos de la Tierra” de 2021. Essa competição, que estava em sua décima edição em 2021, visa conscientizar a população sobre a biodiversidade no Paraguai. A Yvyra Pytã de Alto Verá foi uma de mais de 600 arvores inscritas baseadas em sua altura e diâmetro de tronco. Em 2022, o concurso teve sua primeira edição internacional, onde uma Samaúma (Ceiba pentandra) brasileira de 61 metros de altura venceu como “a maior árvore da América Latina e Caribe”. Essas sementes de Canafístula foram adquiridas de guardiões de sementes no estado de Minas Gerais.
Arachis hypogaea
Amendoim Paraguaio Bicolor
O amendoim é uma semente nativa da América do Sul, seu centro de origem sendo provavelmente a região do Chaco paraguaio. Na língua Tupi, Mãdu’bi significa ‘enterrado’, e diversos nomes populares para essa planta são derivados desse conceito indígena – Minduim, Minduí, Mindubi. Isso é porque essa leguminosa cresce sob o solo em vagens de uma a três sementes comestíveis. Devido ao seu alto teor de proteínas e gorduras, o amendoim é um alimento com o potencial humanitário de combate à fome e desnutrição infantil. Por isso a pasta de amendoim compõe a base de alimentos terapêuticos empregados em ações com esse propósito. Uma variedade crioula da semente, como esse amendoim paraguaio bicolor, é nativa, livre de manipulações genéticas, e desconhecida das tecnologias agroindustriais modernas.
Syagrus oleracea
Gueroba
A palmeira Gueroba é nativa do Cerrado e da Caatinga, e também é conhecida como palmito amargo, ou guariroba – do termo Tupi ‘gwarai-rob’, que significa "o indivíduo amargo”. O cerrado teve 50% de sua vegetação destruída nos últimos 40 anos, por isso, a colheita e extração dessa palmeira deve ser acompanhada do cultivo diversificado. Iniciativas de plantio de variedades genéticas da Syagrus oleracea por agricultores é a solução primordial para os desafios não só de conservação dessa árvore em particular, mas para combater o desmatamento do cerrado como um todo. Essa semente foi adquirida de uma organização que promove o reflorestamento de áreas no Cerrado brasileiro, principalmente aquelas degradadas por queimadas intencionais desencadeadas pelo agronegócio.
Annona mucosa
A Annona mucosa, também conhecida como Rollinia deliciosa, é nativa da América do Sul tropical, cujo fruto e folhas possuem componentes químicos úteis no combate ao câncer, parasitas, bactérias e fungos nocivos. Há um nível de toxicidade no extrato das folhas que pode matar parasitas de culturas de arroz. E da parte interna da casca, o povo originário Pataxó confeccionava tangas, por ela formar um tecido macio. No filme hollywoodiano de 2003 chamado The Rundown, estrelando Dwayne Johnson, uma fruta da família Annona foi retratada como paralisante, mas isso é um mito. Esse mito surgiu provavelmente do fato de que um experimento foi feito onde o extrato da casca dessa árvore, ao ser injetado em um sapo, causou a paralisia de um de seus membros traseiros.
Leucochloron incuriale
Angico rajado
Essa variedade de Angico fornece uma madeira de excelente qualidade com um padrão rajado incrível e inconfundível. O projeto Seeds and Tales forneceu sementes de Angico para a iniciativa de reflorestamento do Assentamento Mário Lago, pois essa árvore tem o potencial de restaurar áreas degradadas. A Leucochloron incuriale é atribuída como publicada e nomeada por 2 botânicos associados ao Jardim Botânico de Nova Iorque. Nesse jardim, se encontra a maior área restante da floresta primária que cobria Manhattan antes da chegada dos europeus no século XVII. Essa terra era do povo indígena chamado Lenape, antes de seu deslocamento forçado durante guerras coloniais. Hoje, essa área representa a característica de constante mudança de florestas primárias, que por natureza demonstra sua antiguidade por meio de “mudança e variação constantes”.
Copaifera reticulata
Copaíba amazônica
A Copaíba Amazônica se diferencia de sua parente Copaifera langsdorffii principalmente pelo seu porte, pois pode atingir mais de 40 metros e viver mais de 400 anos. O nome Copaíba vem da palavra Tupi ‘Kupa'iwa’, que significa “árvore depósito”, referente ao depósito de óleo ou resina em seus troncos. Esse óleo possui diversas utilidades medicinais para pessoas e plantas, por, entre outras coisas, agir como fungicida biológico, ou seja, de forma inofensiva para o meio ambiente quando “comparado com fungicidas sintéticos”.
Syagrus romanzoffiana
Na mitologia Guarani-Mbya, o Jerivá foi levantado por Nhanderu Pa’i, uma figura central na criação do universo. O fruto alaranjado da palmeira foi desenhada para o consumo humano, simbolizando uma criação original, e não uma cópia. Porém, diz-se que o nome “romanzoffiana” vem de um conde russo que financiou uma expedição onde um poeta alemão coletou uma amostra desse coqueiro e o registrou em meados de 1815. Essa árvore de porte alto pode ser encontrada em praticamente todos os biomas brasileiros, fornece grandes reservas de pólen para abelhas nativas e os frutos são apreciados por aves magnificas como maritacas, tucanos e araras.
Pisum sativum
Ervilha para grãos
Pisum sativum, mais conhecida como ervilha, é uma espécie de planta herbácea que pertence à família das leguminosas. Originária da região do Mediterrâneo, a ervilha é uma cultura antiga que foi domesticada há mais de 10.000 anos. Ela tem sido cultivada e transportada pelo mundo há milênios, em parte porque é rica em nutrientes e potencialmente não perecível. Por ser uma leguminosa, a ervilha desenvolve uma relação simbiótica com bactérias em suas raízes, o que leva à conversão do nitrogênio que está no ar em um recurso para as plantas no solo. Esse processo, denominado fixação de nitrogênio, representa uma transformação vital.
Cicer arietinum
Grão de Bico
A Cicer arietinum, também conhecida como grão-de-bico, tem origem na Ásia Ocidental (ou Oriente Médio), mas é cultivada em mais de 50 países e possui mais de 3 mil variedades. O grão-de-bico é utilizado na culinária de diversas culturas pelo mundo, pois é considerado uma fonte rica de proteína vegetal e possui propriedades nutricionais altamente benéficas para a saúde humana. A região chamada Crescente Fértil, local de origem da Cicer arietinum há mais de 10 mil anos, é considerada um berço da civilização humana. O criador desse termo iniciou uma era de pesquisa arqueológica focada na região em 1919, que questionava a teoria ocidental da época de que a civilização humana nasceu na Europa. Hoje, essa teoria também é examinada de forma crítica, pois alimentou narrativas de que se a Europa não é o berço da civilização, é o pináculo dela. Enquanto definir o que é considerado ‘civilizado’ é um exercício subjetivo, essa região chamada de Crescente Fértil, Mesopotâmia, ou, hoje em dia, Iraque, Síria, Turquia e outros países vizinhos, retém uma história objetivamente excepcional. Em terras férteis, que geram agricultura excedentária, a sociedade pôde florescer culturalmente, e desenvolver estruturas agriculturais e urbanas complexas.
Passiflora ambigua
Maracujá Doce
A família botânica Passiflora, da qual o maracujá faz parte, é composta de mais de 520 espécies, sendo a maioria delas originária da América Tropical. O Brasil possui a maior diversidade genética dessa família de plantas, onde mais de 140 espécies diferentes de maracujá podem ser encontradas e mais de 80 delas são endêmicas desse território. A polinização do maracujá conta com as abelhas do gênero Bombus, e essa simbiose entre os dois organismos demonstram a coevolução dessas espécies. Borboletas também contribuem para a formação genética da família Passiflora, porque ao escolher onde se alimentar e pôr ovos, elas desenvolvem a preferência para o formato de folha da variedade de passiflora mais abundante no local. Dessa forma, a variedade genética mais rara é protegida.
Luffa aegyptiaca
Bucha vegetal
A Luffa aegyptiaca é da mesma família do pepino, melancia e abóbora, chamada Cucurbitaceae. Ela se diferencia dos outros membros porque seu fruto, quando descascado e seco, pode ser usado como bucha vegetal – uma alternativa biodegradável às esponjas de cozinha. Como os outros membros dessa família, a Bucha vegetal é uma trepadeira rústica, que forma frutos grandes. Pelo território brasileiro, ela é presente em muitos quintais rurais, por exercer uma função útil no lar e como fonte de renda. Para praticantes de religiões da diáspora africana, como a Umbanda e o Candomblé, essa bucha é usada em banhos de ervas ritualísticos.
Coffea sp.
Café
A humanidade se relaciona com o café há mais de um milênio. Essa relação começou na região que hoje é conhecida como Etiópia, no Século IX, quando um pastor chamado Kaldi notou que após comerem os frutos vermelhos de um arbusto silvestre, suas cabras ficavam mais ativas e não dormiam à noite. Kaldi, então, colheu e levou esses frutos para um líder religioso e foi nessa espécie de monastério que o café se transformou na bebida mais consumida do mundo. A transformação dessa planta magnífica em bebida foi iniciada por monges e era consumida de forma ritualística. De certa forma, ela até hoje é. O café foi a bebida de devotos em rituais do misticismo islâmico Sufista no Yemen. O kave, ou "vinho das arábias", se popularizou pelo mundo árabe num contexto cultural que proibia o consumo de álcool, mas abraçava o estímulo da cafeína. Com a expansão do comércio árabe e do império otomano, o consumo de café seguiu essas rotas de propagação pelo mundo. Essa era de expansão foi chamada de Renascimento Islâmico ou era de ouro do mundo árabe, e durou mais de meio milênio, entre os Séculos VIII e XV. Durante esse período houve um boom civilizacional e agricultural, onde a literatura, as navegações e tecnologias se desenvolveram sem precedentes – estimuladas pelo consumo avido de café. Para assegurar o monopólio desse produto de alta demanda no ocidente, os comerciantes árabes vendiam os grãos de café já torrados, assim evitando seu plantio fora dos domínios árabes. Só em 1616, quase um milênio depois que Kaldi notou a mudança de comportamento em suas cabras, que a primeira muda de café foi contrabandeada do porto de Mokha, no Yemen. Navegadores holandeses levaram uma muda para uma de suas colônias na ilha de Java, hoje parte da Indonésia, onde conseguiram cultivar e criar com sucesso a variedade de café chamada Mocca ou Mocha Java. Por volta de cem anos depois desse contrabando pelos holandeses, a corte francesa acha uma muda de café no jardim botânico de Amsterdam. Uma muda dessa planta é, então, levada até a ilha de Martinica em 1730, onde as primeiras plantações de café francesas são cultivadas e o café começa a ser exportado para a Europa. O início do relacionamento da civilização árabe com o café corresponde com o início da era de ouro do mundo islâmico. Essa era chega ao fim enquanto a semente dessa planta é usada por outros povos na construção de seus próprios impérios.
Oryza sativa
Arroz de sequeiro
O arroz de sequeiro é uma das espécies domesticadas mais antigas do mundo. Na China, entre 10.000 e 15.000 anos atrás, o Vale do rio Yangtze hospedou o arroz asiático ao lado do painço e contribuiu para a expansão da população chinesa em direção a territórios altos e áridos, onde essas plantas foram capazes de se adaptar. Esse “sistema de cultivo duplo” viabilizou não só a expansão e crescimento populacional, mas também a “complexidade social”, onde práticas culturais, espirituais, arquitetônicas e linguísticas foram elaboradas e refinadas. No Brasil, esse arroz crioulo se adaptou ao clima do Norte e Nordeste, e foi absorvido pela cultura culinária da região em pratos típicos como o arroz de leite e o arroz de garimpeiro. Em Santa Catarina, no Sul do Brasil, proteger a diversidade genética desse arroz não só representa uma tradição, mas também a “segurança alimentar de famílias rurais”. O Movimento dos Sem Terra no Brasil, que luta por reforma agrária, é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Esse exemplar foi adquirido de um guardião de sementes especializado em genéticas crioulas.
Theobroma cacao
Cacau
Theobroma cacao, conhecida popularmente como cacau, é uma espécie de árvore da família Malvaceae, originária da região tropical da América do Sul. O cacau é amplamente cultivado em vários países de clima tropical úmido, incluindo Brasil, Costa Rica, Colômbia, Gana e Indonésia. Por civilizações indígenas da América Central e México, essa planta foi consumida como uma bebida estimulante, chamada tchocolatl. Na mitologia Asteca, o cacaueiro foi um presente, ou até uma manifestação, da divindade Quetzalcoatl aos seres humanos. Mas é a floresta amazônica que possui os sítios arqueológicos mais antigos indicativos de plantações extensas de cacao, que remontam ao período Holoceno. No Brasil, o cacau é principalmente cultivado nos estados da Bahia, Pará e Espírito Santo, e é uma fonte de renda significativa. Dentro do campo da agricultura regenerativa, o cacau é uma espécie chave, porque que pode ser cultivado na sombra de outras árvores. Isso permite um cultivo integrado a florestas já consolidadas, sem a necessidade de derrubar árvores já existentes para abrir clareiras.
Cereus jamacaru
Mandacaru
O Mandacaru é um cacto nativo do Brasil, encontrado principalmente nos estados do Nordeste, como Bahia, Pernambuco e Ceará. É uma planta de pode chegar a mais de 5 metros, com um tronco ramificado e espinhoso. Suas flores são grandes, brancas e desabrocham à noite, enquanto seus frutos são vermelhos e redondos, contendo pequenas sementes pretas. Ele é uma espécie altamente venerada na cultura nordestina, principalmente pelo fato de tolerar solos áridos, comuns no sertão nordestino, fornecendo alimento aos humanos e seus animais em períodos de escassez. Essa planta é simbólica da resistência do povo nordestino, e é presente na musica e poesia da região. “Sou um fiel representante Do forte povo nordestino.”–Dalinha Catunda
Ceiba speciosa
Paineira
Gigantesca, a Paineira é uma verdadeira criadora de florestas. Sob sua copa extensa, diversas outras espécies podem se desenvolver. Seu sistema de raízes é capaz de unir áreas vastas da floresta, além de fornecer morada para muitos animais. Suas painas, a polpa fibrosa de seu fruto, semelhantes a bolas de algodão, envolvem sementes e as auxiliam a dispersar. Após a florada da Paineira, o solo é amortecido por esse material, que é capaz de reter umidade e garantir a saúde da árvore. Na Bolívia, conta a lenda que no tronco dessa árvore, uma mulher importante se escondeu de espíritos malignos para dar à luz seu filho. A criança cresceu para derrotar os espíritos malignos e vingar o destino de sua mãe, que ficou presa na árvore até a morte. A árvore, também conhecida como Toborochi, tem um tronco bulboso que lembra uma barriga grávida.
Schizolobium parahyba [Atlântico]
Guapuruvu Atlântico
Essa variedade da Schizolobium parahyba da mata Atlântica pertencia a um coletor de sementes de Caxambu, em Minas Gerais. O município de Caxambu investe em coleta de semente e preparação de mudas para um viveiro. Esse viveiro se encontra no Parque das Águas Minerais, uma área considerada patrimônio histórico e ambiental. Nele há uma nascente termal com propriedades minerais únicas, um fenômeno considerado raro, e um morro vulcânico que fornece essas propriedades para a água da nascente. A orientação é tomá-la “na forma de cura”, e não de forma recorrente.
Enterolobium contortisiliquum
Tamboril, orelhinha
O Enterolobium contortisiliquum, conhecido popularmente como orelhinha, é uma árvore nativa da América do Sul com um tronco notavelmente espesso. Foi em um desses troncos que uma família de Araras-azuis-grandes foi observada comendo cupins, onde até então eram conhecidas por comer majoritariamente sementes e frutas. Humanos vieram a entender cientificamente apenas a partir do ano de 2017 que o comportamento desse animal vulnerável à extinção inclui fazer ninhos em árvores no processo de apodrecimento por infestação de térmitas. O papel dessa árvore no ecossistema em que existe transcende seu período de vida.
Hevea brasiliensis
Seringueira
Do tronco da Seringueira, uma árvore amazônica, se extrai uma borracha natural. Essa borracha pode ser usada para a produção de pneus até luvas cirúrgicas, é impermeável e isola eletricidade, assim sendo até mais eficaz do que borrachas sintéticas. Chico Mendes, um seringueiro brasileiro notório, cuja subsistência dependia da proteção da floresta e dos seringais nativos, criou um dos movimentos ambientalistas mais renomados do Brasil. Para combater o desmatamento causado pela criação de pastos, ele confiscava motosserras, impedia a passagem de tratores, fundou sindicatos e projetos educacionais. Assim, ele ganhou reconhecimento internacional, recebeu um prêmio da ONU, e se tornou referência no setor da sociedade civil global. Porém, seu assassinato por fazendeiros em Xapuri em 1988, um ano após essa premiação e aos 44 anos de idade, forçou prematuramente seu ativismo a se tornar um legado para a proteção de biomas brasileiros. Essa semente foi adquirida de um guardião de genética de Brasília-DF.
Cassia ferruginea
Chuva de ouro
No período de floração, é impossível não se maravilhar com a Cassia ferruginea. Fazendo jus a seu nome, a chuva de ouro chama a atenção por sua florada exuberante e dourada em forma de cascata. A Chuva-de-ouro é nativa do Brasil mas não é endêmica, ou seja, ela pode ser encontrada em diversos outros territórios. Ela popula centros urbanos, por isso tem o potencial de regular e remediar diversas características desagradáveis e nocivas da cidade. “Árvores Urbanas” regulam a poluição tanto do ar quanto sonora, e desaquecem ruas. Considerando que quase 40% da diversidade de plantas no mundo está ameaçada, árvores urbanas não endêmicas como a Cassia ferruginea tem o poder de fortalecer iniciativas de conservação.
Não identificado
Não identificada
Essa semente incomum lembra a Cuscuta lupuliformis, conforme retratado em um guia holandês de identificação de espécies invasoras. Uma forma de identificar se o sujeito é uma semente é procurar uma cicatriz de fixação da semente, chamada hilo. O hilo significa que o objeto analisado já esteve preso ao ovário de uma planta, ou seja, um órgão reprodutivo botânico.
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