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Ameaçadas

  • Foto do escritor: S&T
    S&T
  • 19 de abr.
  • 5 min de leitura
Mauritia flexuosa

Buriti

A Mauritia flexuosa, também conhecida como Buriti, é uma espécie de palmeira da família Arecaceae, nativa da região amazônica. O Buriti é amplamente distribuído em toda a bacia amazônica, mas também pode ser encontrado no Cerrado e na Caatinga. O fruto do Buriti é imensamente relevante para populações tradicionais do sertão por fornecer alimento de alto valor nutricional em períodos de escassez na roça e em áreas consideradas inóspitas. Além disso, a presença de um buritizal indica que há água no solo – ela simboliza um oásis. Suas folhas podem ser usadas para a produção de cordas e redes resistentes, e faz parte de culturas nômades indígenas milenares, que contavam com essa palmeira para diversos aspectos de suas vidas. Essa utilidade indica que a abundância dessa espécie em certas áreas da floresta aponta para o resultado de um semi-cultivo na antiguidade, e portanto é visto como um sítio arqueológico. Hoje, a agropecuária ameaça a sobrevivência dessa espécie; por isso, há medidas de proteção por Unidades de Conservação no nordeste brasileiro.


Jacaranda mimosifolia

Jacarandá Mimoso

O jacarandá-mimoso é uma espécie ornamental utilizada na arborização urbana de diversas cidades brasileiras, por conta da sua florada azul e roxa exuberante que atrai beija-flores. No entanto, em seu habitat de origem no sul do Brasil, Argentina e Bolívia, essa árvore é considerada vulnerável. Kate Sessions, uma das primeiras mulheres a estudar na universidade de Berkeley na Califórnia, se formou em ciências naturais e é venerada por ter trazido a Jacaranda mimosifolia para o estado americano no fim do século XIX. Seu trabalho de paisagismo foi altamente cobiçado, e hoje uma estátua dela no parque Balboa em San Diego é a única na cidade a honrar uma figura histórica feminina. Essas sementes de jacarandá-mimoso foram adquiridas para o projeto Seeds and Tales de guardiões de sementes do Estado de Minas Gerais, Brasil.


Cedrela fissilis

Cedro Rosa

O Cedro Rosa é uma Árvore que ocorre naturalmente da Costa Rica até o sul do Brasil. Sua madeira possui tons rosas e vermelhos, e é usada para “perfumar ambientes”. Infelizmente, ela é considerada uma espécie vulnerável, pois sua população está em declínio por conta da expansão urbana, agricultura e exploração madeireira. A madeira da Cedrela fissilis foi icônica na criação do estilo “barroco guarani”, uma identidade artística do início da formação do Brasil como país, composta por esculturas religiosas. Diz-se que os índios Guarani veem essa árvore como a que deu origem a todas as árvores, após um “cataclismo que destruiu o mundo”. Sua semente foi trazida por um pássaro, e dela, toda a vegetação renasceu. Missionários cristãos usaram essa lenda para evangelizar indígenas no conjunto de aldeias chamado Sete Povos das Missões. Através de representações de figuras da mitologia cristã esculpidas do cedro avermelhado, foram geradas figuras com feições semelhantes as dos povos indígenas. Eventualmente, no meio do século XVIII, essas comunidades jesuíticas-guaranis entraram em guerra com a coroa portuguesa no que hoje chamamos de Guerras Guaraníticas. Um grupo de coletores de sementes em Minas Gerais, Brasil, forneceu esse espécime para o projeto Seeds and Tales.


Swietenia macrophylla

Mogno brasileiro

O Mogno brasileiro é uma variedade de uma árvore endêmica neotropical encontrada o Brasil. Hoje, ela se encontra classificada no appendix II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Isso significa que ela é considerada em risco de extinção se sua comercialização como madeira não for controlada. No período clássico Maia, por volta de um milênio atrás, a Swietenia macrophylla era abundante. Essa abundância foi proporcionada pela cultura de cultivo maia, e combinava a roçada com a agricultura intensa. A colheita altamente lucrativa dessa árvore durante o período colonial dizimou essa população e o legado ambiental dos maias. Essa semente foi adquirida de um coletor de Brasília, Brasil, especializado na identificação e mapeamento de árvores matrizes selvagens. Essas matrizes são centrais no potencial de propagação de sua família, como uma matriarca.


Dalbergia nigra

Jacarandazinho do Campo, Jacarandá da Bahia

A madeira da Jacarandá-da-bahia é procurada por ser considerada de qualidade por 3 séculos, especialmente para a produção de instrumentos musicais. Infelizmente, ela foi praticamente levada à extinção e, hoje, é um desafio combater sua comercialização ilegal na Europa. Ela é uma das primeiras madeiras a serem listadas como proibidas no comércio internacional por conta de seu estado de vulnerabilidade. Essa semente foi doada ao assentamento Mário Lago em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, Brasil.


Araucaria angustifolia

Araucária

A araucária é encontrada na mata atlântica do planalto meridional, que cobre grande área do Sul do Brasil. Ela é gigante, podendo atingir mais de 50 metros de altura, e está criticamente ameaçada de extinção. O ‘Parque provincial de la Araucaria’, na província de Misiones na Argentina, é dedicada a preservação da floresta do Alto do Paraná, um dos biomas mais ameaçados do planeta. Essa ameaça se dá por conta da expansão da agricultura em geral, mas também por ter sido o palco da maior disputa armada da América Latina, a Guerra-Guaçu. A Província de Misiones, originalmente lar do povo Guarani, virou alvo de disputa de delimitações de fronteiras de estados em formação, que seguiam o modelo europeu de administração governamental e de desenvolvimento agricultural. As sementes, chamadas de pinhão, são notoriamente consumidas e dispersadas por aves como a gralha-azul. Para os indígenas Xokleng, o pinhão é um símbolo cultural, que os levou ao nomadismo e foi crucial em suas relações diplomáticas com povos de outras etnias. Hoje, eles são pioneiros na preservação da Araucária, em Santa Catarina.


Copdiferd ldngsdorffii

Copaíba

Essa semente foi coletada na cidade de Caxambu, no sul de Minas Gerais. No estado de São Paulo, a Copaíba é listada como ameaçada de extinção, e esforços de preservação acontecem “ex situ”, ou seja, fora de seu habitat natural, assim como dentro dele. Numa cidade do Paraná, um dos incentivos à preservação tem sido descontos no preço do IPTU de propriedades urbanas que praticam a manutenção dessas árvores. Para o povo indígena Kuikuro, a Copaíba tem um dono divino, que proporciona uma tinta para lutadores se pintarem e, assim, se protegerem. De fato, é possível extrair um óleo de seu tronco com propriedades cicatrizantes. Mais recentemente, essa resina também tem sido testada como combustível para carros.


Pterodon emarginatus

Sucupira branca

A árvore Sucupira branca é de grande porte e é cobiçada por sua madeira de qualidade. Talvez por isso ela esteja listada como ameaçada no estado de São Paulo. Suas propriedades medicinais, como o óleo da semente, incluem qualidades antiinflamatórias e foram desenvolvidas em produtos farmacêuticos. Essa semente foi adquirida de um projeto de reflorestamento do bioma do cerrado.


Euterpe edulis

Jussara

Jussara é uma palmeira nativa da mata atlântica e sob risco de extinção. A polpa do fruto da Jussara é semelhante ao açaí, e é de seu tronco que se retira o palmito. Ela é altamente nutritiva e apreciada, seu cultivo é o responsável por garantir renda a agricultores agroecológicos, principalmente na região sudeste e sul do Brasil. Esta semente foi coletada em um sítio na região serrana do Rio de Janeiro.


Jussara sem polpa

Essa semente está sem polpa, e é da palmeira Jussara. A Jussara é uma espécie endêmica da Mata Atlântica sob risco de extinção por conta da extração do seu palmito. O cultivo da palmeira para extração da polpa dos frutos vem sendo estimulado como alternativa agroecológica para aumentar a preservação da espécie. Essa semente foi coletada em um sítio na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.


Jussara germinada

Essa semente da palmeira Jussara está em processo de germinação. A germinação da palmeira Jussara ocorre graças a umidade presente no ambiente florestal, ao sombreamento providenciado pela cobertura da floresta tropical alta, e ao acúmulo de matéria orgânica no solo. Após aproximadamente 10 anos, a palmeira rompe essa cobertura ao buscar o sol direto e iniciar sua produção de frutos. O nome “Euterpe”, do termo científico dessa planta, se refere a uma deusa grega, uma das filhas de Zeus, “a doadora de prazeres” que preside sobre o mundo da música.


 
 
 

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